
Durante workshop promovido pela SEI-Rio, secretário João Mendes de Jesus afirma que acolher a neurodiversidade é fundamental para garantir direitos e fortalecer identidades.
Em alusão ao ‘Dia do Orgulho Autista’, a Secretaria Especial de Inclusão (SEI-Rio) realizou, nesta quarta-feira, das 14h às 18h, um workshop especial no Shopping Metropolitano, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
O encontro reuniu pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), familiares, profissionais da área e representantes do poder público para uma tarde marcada por escuta ativa, acolhimento e valorização da diversidade neurodivergente.
O evento teve como objetivo principal dar visibilidade à neurodiversidade, fomentar o protagonismo autista e fortalecer os laços entre comunidade, famílias e Estado. Com relatos emocionantes de autistas, que compartilharam suas experiências reais, o workshop rompeu estigmas e revelou as múltiplas faces do TEA, indo além dos estereótipos que ainda persistem na sociedade.
A abertura do evento foi realizada pelo Secretário Especial de Inclusão, João Mendes de Jesus, que agradeceu ao prefeito Eduardo Paes e ao vice-prefeito Eduardo Cavaliere pelo apoio às políticas públicas voltadas à inclusão.
“Conhecer uma pessoa autista não é conhecer o autismo em sua totalidade, mas uma de suas inúmeras expressões. Aceitar o autista é um ato de empoderamento. Quando uma pessoa autista se sente acolhida e tem orgulho da sua identidade, ela se entende melhor, se aceita e luta por seus direitos” — asseverou o secretário.
João Mendes relembrou ainda sua trajetória como ex-deputado federal e vereador por quatro mandatos, sempre a atuar em defesa dos mais vulneráveis.
“Hoje, à frente da SEI-Rio, seguimos comprometidos em construir políticas públicas efetivas para os autistas e demais pessoas neurodivergentes, com uma atuação transversal e intersetorial com as demais secretarias da Prefeitura do Rio de Janeiro” — afirmou.
Vozes que inspiram — Um dos momentos mais marcantes do evento foi a fala da jovem autista Maria Isabel, que emocionou o público ao relatar as dificuldades enfrentadas na escola e na universidade. Ela contou que sua mãe precisou atuar como mediadora para que pudesse concluir os estudos. “O que mais espero da sociedade é respeito” — pontuou.
Amante da arte, revelou que ama pintar quadrados e que também atua como repórter na TV Inclusiva. Com orgulho, Maria Isabel complementou: “Sou Flu de coração!” E deixou um recado direto: “Autistas, não desistam. Confiem em vocês”.
Superação — O jovem Jônatas Silva também compartilhou sua jornada de superação. Após enfrentar uma profunda crise depressiva ao ver o sonho de integrar a Aeronáutica frustrado, ele reencontrou forças através da fé. “No hospital, orei e pedi uma oportunidade a Deus. Hoje estou aqui para dizer que conseguimos superar. Precisamos de inclusão, empatia e voz.”
Já Diogo Lima, diagnosticado com TEA e TDAH, falou sobre seu hiperfoco em futebol e sua paixão pelo Flamengo. “Sempre me percebi um passo atrás das outras crianças. Mas hoje entendo que temos um jeito único de ver o mundo. O que precisamos é de uma sociedade mais empática, com educação, saúde e justiça social”.
Potência — A ativista Fernanda Fialho também trouxe uma fala potente e comovente ao evento. Sobrevivente de 15 internações psiquiátricas e de inúmeras violências, ela falou sobre sua trajetória de superação:
“Transformei minha dor em potência. Hoje sou palestrante, ativista, criadora de conteúdo digital e autora do livro ‘A História que Meus Pais não Contariam’. Minha missão é mostrar que é possível resignificar a dor e lutar por uma sociedade mais humana e inclusiva”.
Políticas inclusivas — A mediação do encontro ficou a cargo de Valéria Oliveira, que apresentou o trabalho do Instituto Helena Antipoff e destacou a importância da implementação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. “Nosso papel é apoiar professores e unidades escolares para que os alunos com TEA recebam o suporte necessário para aprender e se desenvolver com dignidade” — explicou.
O evento da SEI-Rio reforça o compromisso da Prefeitura do Rio de Janeiro com a inclusão, a escuta ativa e a construção de uma cidade mais justa e acolhedora para todas as formas de existência. No ‘Dia do Orgulho Autista’, o protagonismo foi de quem mais importa: os próprios autistas. E suas vozes deixaram claro — orgulho é ter coragem de ser quem se é.